Variáveis Familiares e Sintomatologia Psicopatológica em Toxicodependentes em Recuperação

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Data
2019
Autores
Gomes, Ana Teresa Falcão de Brito Costa
Simões, Sónia (Orientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
A investigação científica efetuada ao longo dos anos no âmbito da toxicodependência tem mostrado que a vinculação e as experiências vivenciadas na infância com os pais têm impacto na vida adulta, podendo conduzir ao consumo de drogas e ao desenvolvimento de sintomas psicopatológicos. Dado a pertinência do tema, este estudo teve como principais objetivos analisar a relação entre a vinculação, o funcionamento familiar, as memórias sobre os estilos educativos parentais e a sintomatologia psicopatológica em toxicodependentes adultos em recuperação, bem como estudar as diferenças nestas variáveis em função da presença de perturbação psicopatológica, da idade de início, da frequência e das razões do consumo. A amostra foi composta por 40 sujeitos toxicodependentes em recuperação, no Centro de Respostas Integradas de Viseu, 29 indivíduos do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 25-64 anos (M = 39,88; DP = 8,19), que preencheram voluntariamente os seguintes instrumentos: Questionário Sociodemográfico, Escala de Vinculação do Adulto (EVA), Inventário de Memórias de Infância (EMBU), Escala do Funcionamento Familiar (SCORE-15) e Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI). Os resultados indicam que uma maior ansiedade da vinculação e uma menor comunicação na família associam-se à presença de mais sintomas psicopatológicos, e quanto menores os recursos familiares maiores os níveis de ideação paranóide e de psicoticismo. Verifica-se que os sujeitos perturbados revelam valores mais elevados de ansiedade da vinculação e de sobreproteção materna, enquanto a confiança nos outros e os recursos familiares são mais percecionados pelos sujeitos não perturbados. A ansiedade e a ansiedade fóbica são os sintomas psicopatológicos mais experienciados pelos indivíduos que não usaram droga no último mês ou há mais de um ano. Os sujeitos que assinalam a curiosidade como principal razão para o consumo da droga são os que manifestam mais sintomas psicopatológicos. Já os sujeitos que indicam os problemas pessoais, familiares, sociais e económicos apresentam mais sintomas de somatização. Por fim, não existem diferenças significativas nos sintomas psicopatológicos em função da idade de início de consumo de drogas. Em conclusão, os principais resultados encontrados permitem verificar a presença de uma associação entre os sintomas psicopatológicos, vinculação e funcionamento familiar. Estes dados evidenciam a necessidade de se continuar a intervir nos fatores de risco individuais e familiares associados aos adultos toxicodependentes em recuperação. / Scientific investigation carried out over the years in the field of drug addiction has shown that the attachment and experiences in childhood with parents have an impact on adult life, which can lead to drug use and the development of psychopathological symptoms. Given the pertinence of the theme, this study had as principal objectives to analyze the relationship between attachment, family functioning, memories about parental rearing styles and psychopathological symptomatology in adult drug addicts under treatment, as well as to study the differences in these variables as a function of presence of psychopathological disorder, age of onset, frequency and reasons for consumption. The sample was composed of 40 subjects undergoing treatment at the Integrated Response Center of Viseu, 29 males and 11 females, with ages between 25-64 years (M = 39.88; SD = 8.19), who voluntarily completed the following instruments: Sociodemographic Questionnaire, Adult Attachment Scale-R (AAS-R), Inventory for Assessing Memories of Parental Rearing Behaviour (EMBU), Systemic Clinical Outcome Routine Evaluation (SCORE-15) and Brief Symptom Inventory (BSI). The results indicate that increased attachment anxiety and reduced communication in the family are associated with the presence of more psychopathological symptoms, and the smaller the family resources the higher the levels of paranoid ideation and psychoticism. It has been verified that disturbed subjects show higher values of attachment anxiety and maternal overprotection, while trust in others and family resources are more perceived by undisturbed subjects. Anxiety and phobic anxiety are the most psychopathological symptoms experienced by individuals who have not used drugs in the last month or more than a year. The subjects that indicate the curiosity as principal reason for the consumption of the drug are those that manifest more psychopathological symptoms. The subjects that indicate the personal, familiar, social and economic problems present more symptoms of somatization. Finally, there are no significant differences in psychopathological symptoms due to the age of onset of drug use. In conclusion, the principal results found allow us to verify the presence of an association between psychopathological symptoms, attachment and family functioning. These data highlight the need to continue to intervene in the individual and family risk factors associated of adult drug addicts being treated.
Descrição
Palavras-chave
Vinculação - Attachment, Estilos educativos parentais - Parental rearing styles, Funcionamento familiar - Family functioning, Sintomatologia psicopatológica - Psychopathological symptomatology, Toxicodependência - Drug addiction
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