Qualidade de Vida Física em Doentes com Condições Neurodegenerativas: uma abordagem empírica multivariada
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Data
2024
Autores
Portela, Beatriz Oliveira
Carvalho, Teresa (Orientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
Introdução: Tratamentos farmacológicos podem retardar a progressão das doenças com condições clínicas neurodegenerativas (DCCNs), embora estas continuem a comprometer a qualidade de vida (QoL) física dos doentes. É necessário aprofundar a investigação sobre a contribuição conjunta de fatores de natureza física e psicológica para a QoL física das pessoas com DCCNs. Objetivos: Explorar um novo modelo explicativo da QoL física em pessoas com DCCNs, composto pelos seguintes regressores: incapacidade geral, fadiga, dor neuropática – condições clínicas associadas à neurodegeneração –, sintomas de ansiedade e de stresse – psicopatologia –, evitamento experiencial, mindfulness, vida valorizada e plenitude na vida – processos de (in)flexibilidade psicológica. Método: Este estudo transversal incluiu 193 e 200 participantes, respetivamente, com e sem DCCNs. Utilizaram-se os seguintes instrumentos de autorresposta: um questionário sociodemográfico e clínico, World Health Organization–Brief Quality of Life Assessment Scale, Depression Anxiety and Stress Scales-21, Escalas Analógicas Visuais do Pain Detect Questionnaire e da Fadiga, World Health Organization Disability Assessment Schedule–12, Acceptance and Action Questionnaire–II, Self-Compassion Scale, Engaged Living Scale–short form. Resultados: As potenciais variáveis explicativas da QoL física diferenciaram-se entre os grupos, exceto o mindfulness e a vida valorizada, não tendo sido incluídas do modelo de regressão linear múltipla (RLM). Na amostra com DCCNs, idade, escolaridade e as covariáveis previamente retidas correlacionaram-se com a QoL física. A incapacidade geral e os sintomas de stresse foram excluídos da RLM devido a valores de correlações sugestivos de colineariedade. Idade, escolaridade, dor neuropática, fadiga, sintomas de ansiedade e plenitude na vida explicaram a QoL física em regressões lineares simples, tendo sido incluídas no modelo multivariado. Este modelo explicou 61.5% da variância da QoL física. Idade, dor neuropática, fadiga e sintomatologia ansiosa foram negativamente associadas com a QoL física, enquanto escolaridade, evitamento experiencial e plenitude na vida exibiram associações positivas. Discussão: Este estudo forneceu evidencias preliminares que suportam a importância de considerar a idade, dor neuropática, fadiga e sintomatologia ansiosa como fatores de vulnerabilidade para uma pobre QoL física em pessoas com DCCNs. Escolaridade, evitamento experiencial e plenitude na vida podem ter um efeito protetor. Estes resultados têm implicações para o desenvolvimento de programas de intervenções destinados a melhorar a QoL física na referida população clínica. | Introduction: Pharmacological treatments con slow the progression of diseases with neurodegenerative clinical conditions (DNCCs), yet these diseases continue to impair patients' physical quality of life (QoL). Further research is needed on the combined contribution of physical and psychological factors to physical QoL in DNCCs patients. Objectives: To explore a novel explanatory model of physical QoL in people with DNCCs, composed of the following regressors: global disability, fatigue, neuropathic pain – clinical conditions associated with neurodegeneration –, anxiety and stress symptoms – psychopathological conditions –, experiential avoidance, mindfulness, valued living and life fulfilment - processes of psychological (in)flexibility. Method: This cross-sectional study included 193 and 200 participants with and without DNCCs, respectively. The following self-report instruments were used: a sociodemographic and clinical questionnaire, World Health Organization-Brief Quality of Life Assessment Scale, Depression Anxiety and Stress Scales-21, Visual Analogue Scale of the Pain Detect Questionnaire, Visual Analogue Scale of Fatigue, World Health Organization Disability Assessment Schedule–12, Acceptance and Action Questionnaire–II, Self-Compassion Scale, Engaged Living Scale–short form. Results: All potential explanatory variables of physical QoL differed between groups, except mindfulness and valued living which were not included in the multiple linear regression model (MLR). In DNCCs sample, age and education and the previously retained covariates correlated with physical QoL, but general disability and stress symptoms were excluded from the MLR because they exhibited correlation values suggestive of collinearity. Age, education, neuropathic pain, fatigue, anxiety symptoms and life fulfilment explained physical QoL in simple linear regression models and were included in the multivariate model. This model explained 61.5% of variance in physical QoL. Age, neuropathic pain, fatigue and anxiety symptoms were negatively associated with physical QoL, while education, experiential avoidance and life fulfilment exhibited positive associations. Discussion: This study provides preliminary evidence supporting the importance of considering age, neuropathic pain, fatigue and anxiety as vulnerability factors for poor physical QoL in DNCCs patients. Education, experiential avoidance and sense of life fulfilment may have protective effects. These findings have implications for developing targeted interventions programs to improve physical QoL in this clinical population.