Ansiedade Social e Competências Socioemocionais: qual a relação

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Data
2021
Autores
Novo, Mariana Isabel Dias
Cunha, Marina (Orientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
Introdução: A ansiedade social é uma experiência comum ao ser humano e relaciona-se com a estrutura social de um grupo e a sua organização hierárquica (Pinto-Gouveia, 2000). Enquanto patologia pode variar desde graus ligeiros, e transitórios, desempenhando, um papel adaptativo, até graus mais severos e persistentes que têm implicações na vida do indivíduo, causando sofrimento e interferência na sua vida (Pinto-Gouveia, 2000; Cunha, 2005). Deste modo, a literatura tem mostrado que o conhecimento de diferentes dimensões pode diminuir a resposta de ansiedade e prevenir o seu desenvolvimento ou manutenção. Objetivos: O presente estudo teve como principal objetivo contribuir para a compreensão da ansiedade social, testando o modelo preditor formado pelas memórias precoces de calor e segurança, pelas competências socioemocionais, pela vergonha interna e externa e pela proximidade e ligação aos outros. Adicionalmente, pretendeu-se estudar a comparação de grupos extremos de ansiedade social (ansiedade social alta e baixa) relativamente às variáveis indicadas. Tendo em conta os dados sociodemográficos pretendeu-se analisar o papel das variáveis sexo e idade na ansiedade social em associação aos construtos selecionados. Por último, pretendeu-se estudar a associação entre ansiedade social e as variáveis em estudo. Métodos: A amostra foi constituída por 208 participantes, 54 (26%) do sexo masculino e 154 (74%) do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 18 e os 59 anos. Os participantes preencheram uma ficha de dados sociodemográficos e completaram 5 instrumentos de autorresposta que avaliaram a ansiedade social (SIAS), as competências socioemocionais (SEE), a vergonha interna e externa (EISS), a proximidade e ligação aos outros (SSPS) e as memórias precoces de calor e segurança (EMWSS). Resultados: Relativamente à ansiedade social, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, apurando-se apenas uma associação negativa baixa com a idade. A ansiedade social correlacionou-se negativamente com as competências socioemocionais, com a proximidade e ligação aos outros e com as memórias precoces de calor e segurança. Inversamente, a ansiedade social demonstrou uma correlação positiva com o score global da vergonha interna e externa. O modelo preditor explicou 33% da variância da ansiedade social, sendo os melhores preditores a vergonha interna e as competências socioemocionais. O grupo de ansiedade social alta apresentou significativamente menos memórias precoces de calor e segurança, menos competências socioemocionais e menos proximidade e ligação aos outros comparativamente ao grupo de ansiedade social baixa. Adicionalmente, este demonstrou mais vergonha na sua totalidade, bem como, na vergonha interna e externa. Conclusão: O presente estudo contribuiu para o alargamento da investigação da ansiedade social em adultos, tendo em conta as competências socioemocionais, as memórias precoces de calor e segurança, a proximidade e ligação aos outros e a vergonha interna e externa. Os dados permitiram explorar de que modo a ansiedade social está correlacionada com os diversos construtos, sendo que os resultados desta investigação podem apoiar o desenvolvimento de estratégias preventivas que visem promover competências socioemocionais, proximidade e ligação aos outros e sentimentos de calor e segurança, assim como reduzir sentimentos de vergonha. / Introduction: Social anxiety is a common human experience and is related to the social structure of a group and its hierarchical organization (Pinto-Gouveia, 2000). This pathology may range from mild and transient degrees, playing an adaptive role, to more severe and persistent degrees that have implications in the individual's life, causing suffering and interference in his/her life (Pinto-Gouveia, 2000; Cunha, 2005). Thus, the literature has shown that the knowledge of different dimensions can decrease the anxiety response and prevent its development or maintenance. Objectives: The main objective of this study was to contribute to the understanding of social anxiety, by testing the predictor model formed by early memories of warmth and safeness, social-emotional expertise, internal and external shame, and social safeness and pleasure. Additionally, we intended to study the comparison of extreme groups of social anxiety (high and low social anxiety) regarding the indicated variables. Taking into account the sociodemographic data, we intended to analyze the role of the variables gender and age in social anxiety in association with the constructs selected. Finally, we intended to study the association between social anxiety and the variables under study. Method: The sample consisted of 208 participants, 54 (26%) male and 154 (74%) female, aged between 18 and 59 years old. Participants completed a sociodemographic data sheet and completed 5 self-report instruments that assessed social anxiety (SIAS), social-emotional expertise (SEE), internal and external shame (EISS), social safeness and pleasure (SSPS), and early memories of warmth and safeness (EMWSS). Results: For social anxiety, there were no statistically significant differences between genders, with only a low negative association with age. Social anxiety correlated negatively with socioemotional expertise, with social safeness and pleasure, and with early memories of warmth and safeness. Conversely, social anxiety showed a positive correlation with the overall internal and external shame score. The predictor model explained 33% of the variance in social anxiety, with internal shame and social-emotional expertise being the best predictors. The high social anxiety group showed significantly fewer early memories of warmth and safeness, fewer social-emotional expertise, and social safeness and pleasure compared to the low social anxiety group. Additionally, the latter showed more shame in totality, as well as, internal and external shame. Conclusion: The present study contributed to the expansion of social anxiety research in adults, taking into account social-emotional expertise, early memories of warmth and safeness, social safeness and pleasure, and internal and external shame. The data allowed us to explore how social anxiety is correlated with various constructs, and the results of this research may support the development of preventive strategies aimed at promoting social-emotional expertise, social safeness and pleasure, and feelings of warmth and safeness, as well as reducing feelings of shame.
Descrição
Palavras-chave
Ansiedade social - Social anxiety, Adultos - Adults, Competências socioemocionais - Social-emotional expertise, Memórias precoces de calor e segurança - Early memories of warmth and safeness, Vergonha interna e externa - Internal and external shame
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