Estilo Terapêutico, Vinculação e Personalidade em Psicoterapeutas: estudo exploratório

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Data
2024-11
Autores
Figueira, Sofia Medeiros Araújo Pacheco e
Vicente, Henrique (Orientador)
Lemos, Laura (Coorientadora)
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Editora
ISMT
Resumo
A relação da vinculação e da personalidade no estilo terapêutico é um tema pouco explorado, especialmente na perspetiva do psicoterapeuta. Investigar como esses elementos se interligam é fundamental para entender como os terapeutas interagem com os seus pacientes conforme as suas características pessoais, permitindo aprimorar a prática terapêutica e atender às necessidades individuais. Este estudo analisa a relação entre traços de personalidade, vinculação e estilo terapêutico em psicólogos clínicos. Participaram 53 psicólogos de Portugal e Brasil, com formação em psicoterapia. Os resultados indicaram que a personalidade do psicoterapeuta se relaciona com o estilo de vinculação, com destaque para neuroticismo, extroversão e amabilidade. O estilo de vinculação também se relaciona com o estilo terapêutico: psicólogos com vinculação segura usam técnicas de insight e apoio/suporte. Psicoterapeutas com maiores níveis de amabilidade preferem simpatia e insight, enquanto os que têm maior abertura à experiência optam por apoio e ajustamento. Os que têm maiores níveis de neuroticismo utilizam o insight e percecionam a sua prática como duvidosa, enquanto os extrovertidos encaram a psicoterapia como uma forma de arte. Quanto à orientação teórica, terapeutas com vinculação segura têm formação em abordagens experienciais e sistémicas, enquanto os que têm mais amabilidade inclinam-se para a psicanálise. Por fim, psicoterapeutas psicanalíticos usam técnicas como insight e neutralidade, tendo uma visão da natureza humana que enfatiza a falta de controlo consciente e os cognitivo-comportamentais baseiam-se no apoio e ajustamento, percecionando a psicoterapia como uma forma de arte. Estes resultados confirmam que a vinculação e a personalidade do terapeuta se relacionam com o seu estilo terapêutico e têm um impacto mútuo. Assim, foi possível concluir que a vinculação e a personalidade associam-se ao estilo terapêutico do psicoterapeuta podendo esta influência ser bidirecional. Implicações deste estudo podem incluir num maior investimento na supervisão e terapia pessoal, de modo a tornar estas características em pontos fortes e únicos a serem utilizados pelo psicoterapeuta, bem como a desmistificação do psicólogo como uma entidade quase “robotizada” e clivada ainda percecionada pela sociedade atual. | The relationship between attachment and personality in therapeutic style is a topic that hasn´t been thoroughly explored, especially from the psychotherapist's perspective. Investigating how these elements interconnect is fundamental to understanding how therapists interact with their patients according to their personal characteristics, allowing them to improve their therapeutic practice and meet individual needs. This study analyzes the relationship between personality traits, attachment and therapeutic style in clinical psychologists. Fifty-three psychologists from Portugal and Brazil, trained in psychotherapy, took part in this study, the results indicating that the psychotherapist's personality is related to attachment style, with neuroticism, extroversion and agreeableness standing out. Attachment style is also related to therapeutic style: psychologists with secure attachment use insight and supportive techniques. Psychotherapists with higher levels of agreeableness prefer sympathy and insight, while those who are more open to experience opt for support and adjustment. Those with higher levels of neuroticism use insight and perceive their practice as dubious, while extroverts see psychotherapy as an art form. As for theoretical orientation, therapists with secure attachment are trained in experiential and systemic approaches, while those with more agreeableness lean towards psychoanalysis. Finally, psychoanalytic psychotherapists use techniques such as insight and neutrality, having a view of human nature that emphasizes the lack of conscious control, and cognitive-behavioral therapists are based on support and adjustment, perceiving psychotherapy as an art form. These results confirm that the therapist's attachment and personality are related to their therapeutic style and have a mutual impact. Thus, it was possible to conclude that attachment and personality are associated with the psychotherapist's therapeutic style and that this influence can be bidirectional. Implications of this study may include greater investment in supervision and personal therapy, in order to turn these characteristics into unique strengths to be used by the psychotherapist, as well as demystifying the psychologist as an almost “robotic” and cleaved entity still perceived by today's society.
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