Mayer-Rokitanski-Küster-Hauser (MRKH): estudo da relação entre sintomas de ansiedade, depressão e stresse, vergonha relacionada com a doença crónica, autocompaixão e flexibilidade psicológica numa amostra internacional

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Data
2024
Autores
Marques, Joana Rita Cunha
Galhardo, Ana (Orientadora)
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ISMT
Resumo
A síndrome Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH) afeta 1 em cada 5000 pessoas e é caracterizada pelo subdesenvolvimento ou ausência de útero, cérvix e/ou canal vaginal. Esta síndrome tem implicações não apenas na saúde reprodutiva (infertilidade) mas também nas relações sexuais, amorosas, e a relação do indivíduo com ele mesmo e com a sociedade, sendo que normalmente é diagnosticada numa idade precoce, quando estes indivíduos podem ainda não ter desenvolvido capacidades psicológicas para lidar com esta doença e o seu impacto atual e futuro. Este estudo procurou explorar a relação entre a sintomatologia depressiva, ansiosa ou de stresse com construtos como a vergonha e processos de regulação emocional como a autocompaixão e a flexibilidade psicológica, na comunidade MRKH, sendo a amostra internacional. O estudo foi conduzido numa amostra de 50 participantes, com idades entre os 18 e os 60 anos (M = 30.28; DP = 10.74), convidadas a responder online a um questionário sociodemográfico e clínico e aos seguintes instrumentos, a Escala de Ansiedade, Depressão e Stresse (EADS-21), Escala de Engagement e Ações Compassivas (EEAC), Chronic Illness-Related Shame Scale (CISS) e a PsyFlex. De acordo com os resultados obtidos, quando a variável dependente considerada foi a sintomatologia depressiva, as variáveis que se monstraram significativamente associadas foram a vergonha associada à doença crónica (β = .32; p = .009) e a flexibilidade psicológica (β = -.30; p = .019). De forma semelhante, quando a variável dependente foi a sintomatologia ansiosa, verificou-se que a vergonha relacionada com a doença (β = .37; p = .007) e a flexibilidade psicológica (β = -.27; p = .047) também desempenharam um papel relevante. No que diz respeito à sintomatologia de stresse, a variável que se revelou significativamente associada foi a flexibilidade psicológica (β =-.35; p = .015). Em síntese, os resultados reforçam a importância da flexibilidade psicológica como um fator potencialmente protetor em relação a sintomatologia depressiva, ansiosa e de stresse, sendo que a associação consistente entre a vergonha e os sintomas de depressão e ansiedade também sublinha o papel central dessa emoção na intensificação de estados emocionais negativos. | This syndrome has implications not only for reproductive health (infertility) but also for sexual and romantic relationships and the individual’s relationship with themselves and with society and is usually diagnosed at an early age, when these individuals may not yet have developed the psychological skills to deal with this disease and its current and future impact. This study sought to explore in an international sample the relationship between depressive, anxiety and stress symptoms and variables such as chronic illness-related shame and emotional regulation processes (self compassion and psychological flexibility) in the MRKH community. The study was conducted on a sample of 50 participants aged between 18 and 60 (M = 30.28; SD = 10.74), who were invited to complete an online sociodemographic and clinical questionnaire and the following self-report instruments: the Anxiety, Depression and Stress Scales (DASS-21), the Compassionate Engagement and Action Scales (CEAS), the Chronic Ilness-Related Shame Scale (CISS) and PsyFlex. When the dependent variable considered was depressive symptoms, the variables that proved to be significantly associated were chronic illness-related shame (β = .32; p = .009) and psychological flexibility (β = -.30; p = .019). Similarly, when the dependent variable was anxiety symptoms, it was found that chronic illness-related shame (β = .37; p = .007) and psychological flexibility (β = -.27; p = .047) also played a relevant role. Regarding stress symptoms, the variable that proved to be significantly associated was psychological flexibility (β =-.35; p = .015). In summary, the results reinforce the relevance of psychological flexibility as a potentially potentially protective factor concerning depressive, anxiety and stress symptoms, and the consistent association between shame and symptoms of depression and anxiety also underlines the central role of this emotion in intensifying negative emotional states.
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